O fio da história
Aventura 16+ anos

O tear do acaso

por Fernando Madruga
A fio da história sempre foi e sempre será. Não tem um começo e nem um final.
Passa a ser observado por um tempo, registrado naquela fração da existência do observador e logo desfia e segue outros rumos, assim mesmo, no plural. Multifilamentos que se separam para compor novos fios dessa trama inesgotável chamada universo.
E assim encontramos Carlos, um não muito popular estudante de mestrado, sentado à mesa do Bar do Armando, que olha fixamente para a borda de seu copo de cerveja enquanto pensa nas últimas palavras ditas por Ivana, antes de deixá-lo no aeroporto. "Vai, Cacau –como ela carinhosamente o chamava–, vive a tua vida que eu vou viver a minha. A gente se esbarra lá na frente...". Os olhos se encheram de lágrimas e interrogações.
De repente uma pergunta quebra o ar:
— Posso pegar essa cadeira?
Carlos enxuga os olhos com os dedos, como se quisesse disfarçar a fragilidade em que se encontrava, e levantando a cabeça, vê o conhecido atendente mau-humorado do bar, o Montanha, com cara de poucos amigos e visível impaciência.
— Pode, clar... – Carlos tenta responder.
Montanha sequer esperou o fim da resposta e já tinha dado as costas, levando a cadeira.
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